Conto 01 – O Grande Mestre e o Guardião

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um Mosteiro budista. Certo dia o Guardião morreu e foi necessário substituí-lo. O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente a seu lado.
– Lembrem-se – disse o Grande Mestre – que a função do Guardião é manter a união e o amor entre todos os membros da nossa comunidade. Por isso, apresento-lhes um problema. Aquele que primeiro o resolver será o novo Guardião do Templo.

Terminado seu curto discurso, colocou um banquinho no meio da sala e sobre ele um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha que o adornava.
– Este é o problema – disse o Grande Mestre. – Resolvam-no!

Os discípulos contemplaram perplexos o “problema”. Viram os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a fragrância e beleza da flor… Que representava aquilo?… O que fazer?… Qual seria o enigma? Passou o tempo sem que ninguém acertasse o que fazer a não ser ficar olhando para o “problema”. Finalmente um dos discípulos levantou-se, olhou para o Mestre e para os demais alunos, sacou a espada, dirigiu-se ao centro da sala e destruiu tudo num só golpe, quebrando-o em mil pedaços.

– Finalmente alguém conseguiu!!! – exclamou o Grande Mestre. – Começava a duvidar da formação que lhes demos em todos estes anos. Você é o novo Guardião.

Quando o aluno voltou ao seu lugar, o Grande Mestre explicou:
– Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um “problema”. Não importa o belo e fascinante que seja um problema: deve ser eliminado. O problema é um problema. Pode ser um vaso de porcelana muito caro, um lindo amor que já não tem sentido, um caminho que precisa ser abandonado, por mais que insistamos em percorrê-lo porque nos é mais cômodo…

Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o cara a cara. Nessas horas não se pode ter piedade, nem ser tentado pelo lado fascinante que qualquer conflito traz consigo. Lembrem-se de que um problema é um problema. Não é questão de “dar um jeitinho”, de deixar para amanhã… No fim das contas não é mais do que “UM PROBLEMA”. Não fuja dele! Não o esconda! Acabe com ele!… e continue sua missão… sua missão de AMOR!
(Lenda budista)